Como a intervenção precoce pode mudar a vida de crianças com deficiênciaPublicado em 20/01/2016 Desde o dia 2 de janeiro de 2016, os pequenos com atraso no desenvolvimento ou que nascem com anormalidades têm garantido por lei o direito a um atendimento multidisciplinar já nos primeiros dias de vida. Entenda a importância disso para o crescimento saudável desses brasileirinhos. ![]() Mas o Brasil deu mais um passo rumo a essas conquistas. Aprovada no dia 6 de julho de 2015, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI) entrou em vigor no último dia 2 de janeiro. Também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, a LBI traz avanços em diversas áreas de políticas públicas que beneficiam toda a população, inclusive os pequenos. No campo educacional, por exemplo, a lei estabelece uma educação mais inclusiva. Já na saúde, um dos principais pontos é o direito ao diagnóstico e à intervenção precoces, realizados por uma equipe multidisciplinar. E é nessa questão que queremos focar. "Diversos estudos mostram que quanto mais cedo um bebê recebe os estímulos certos, muito mais promissor será seu desenvolvimento", observa a deputada Mara Gabrilli, relatora do projeto que deu origem à LBI. E isso vale para todos os recém-nascidos, até mesmo aqueles com qualquer tipo de deficiência. Só que, no caso deles, muitas vezes é necessário que essa estimulação seja feita e acompanhada por especialistas, a fim de detectar e prevenir atrasos - e é disso que se trata a intervenção precoce. "Ela é fundamental para o sucesso na comunicação, socialização, coordenação motora e outros aspectos do crescimento dessas crianças", destaca a deputada. studiojh/Thinkstock/Getty Images A seguir, saiba mais sobre quem pode receber intervenção precoce, suas vantagens e onde ter acesso a esse direito. Quem pode se beneficiar com a intervenção precoce Não são apenas os recém-nascidos com deficiência que estão aptos a contar com esse atendimento. Crianças que nascem com malformações cerebrais, cardiológicas ou mesmo de face, como o lábio leporino, também são indicadas para a intervenção precoce. Os pequenos que têm complicações decorrentes de infecções intraútero - a exemplo desífilis, toxoplasmose e HIV - também fazem parte da turma que deve receber um atendimento multidisciplinar."Prematuros que tiveram asfixia neonatal ou que ficaram em uma internação prolongada também têm indicação", conta a neuropediatra Danielle Christofolli, médica responsável pelo Ambulatório de Diagnóstico da APAE de São Paulo. Crianças autistas são outras que podem tirar vantagem da terapia antecipada, embora o diagnóstico do transtorno não seja feito logo nos primeiros meses de vida. Microcefalia Os pequenos que nascem com essa malformação cerebral estão no time daqueles que devem receber a intervenção precoce. "Se forem atendidos logo nas primeiras semanas de vida, é possível amenizar problemas que esses bebês tenham para amamentar e se posicionar ou mesmo prevenir que o corpo deles cresça de uma forma anormal", exemplifica o terapeuta ocupacional americano Bryan Mattson, especialista em pediatria e intervenção precoce. Daí porque o Ministério da Saúde lançou, na última quarta-feira (13), as Diretrizes de Estimulação Precoce para crianças de 0 a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor causado pela microcefalia. O documento foi elaborado devido ao surto da malformação em todo o país, provocado pelo vírus zika. Além de orientar funcionários da rede pública de saúde para intervir e estimular corretamente, o governo pretende capacitar 7.525 profissionais para atuar em conjunto no atendimento a esses pacientes. A importância de intervir cedo "Quanto antes a gente intervém, mais novo e maleável é o cérebro da criança", diz Danielle Christofolli. Desse modo, a chance de o pequeno absorver os estímulos recebidos é bem maior. "Isso tem a ver com a plasticidade do sistema nervoso central ao longo da primeira infância", explica a neuropediatra da APAE. O ideal é que o tratamento comece antes dos 12 meses. "O desenvolvimento cerebral é muito grande nos primeiros dois anos de vida. Se você perde essa janela de oportunidade para estimular a criança, fica mais difícil depois", pontua a neuropediatra Mara Lúcia Schmitz Santos, coordenadora do Ambulatório Bebê de Risco do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, no Paraná.Inclusive, se a intervenção demora para acontecer, as dificuldades e atrasos do pequeno tendem a piorar. "A criança não vai parar de aprender, brincar e crescer porque ela tem um problema. Ela vai achar o caminho mais fácil para fazer isso, o que nós chamamos de compensação", ensina Bryan Mattson. Segundo ele, a partir do momento em que essas alternativas viram regra, fica difícil revertê-las. "Então, quanto mais tempo o pequeno passar sem terapia, mais ele vai desenvolver maneiras anormais de fazer uma séries de coisas", conclui o especialista. Vantagem econômica Segundo Mattson, diversos estudos já demonstraram que, em termos de saúde pública, a intervenção precoce também é uma forma de economizar. "Uma pesquisa mostrou que para cada 1 dólar gasto antes dos 3 anos, 17 dólares são economizados depois dessa idade", conta o terapeuta ocupacional. Isso significa que, quanto mais cedo a terapia começar, menos será gasto com outras técnicas terapêuticas lá na frente. Equipe multidisciplinar A intervenção precoce pressupõe um atendimento multidisciplinar, ou seja, que inclui profissionais de várias áreas: fisioterapeutas, psicólogos, médicos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais... O ideal é que esse atendimento seja feito em conjunto, de modo que todos os especialistas se comuniquem e atendam da melhor forma os pequeninos. "Apenas um profissional não consegue atingir todas as esferas de tratamento de que essas crianças necessitam. Um paciente com atraso motor e de fala, por exemplo, precisa de um fisioterapeuta e de um fonoaudiólogo", esclarece Danielle Christoffoli.Vale lembrar que a família também tem um papel fundamental nesse processo. Até porque, é no ambiente domiciliar que a criança passa a maior parte do tempo e recebe um grande número de estímulos. "Quando os familiares se engajam no tratamento e seguem as orientações dos profissionais, é criado um ambiente de continuidade da terapia em casa", orienta a neuropediatra da APAE de São Paulo. Quando os pequenos vão para a escola, essa instituição também passa a ter uma grande responsabilidade sobre o seu desenvolvimento. Como ter acesso à intervenção precoce Em geral, se o bebê não foi diagnosticado com nenhum problema ao deixar a UTI neonatal, é o pediatra quem vai detectar eventuais atrasos no desenvolvimento. Nesses casos, ele pode decidir encaminhar o pequeno para um centro especializado em intervenção precoce. Se o atendimento for feito na rede pública, a criança deve ser direcionada para um dos 136 Centros Especializados em Reabilitação (CER) do país ou para algum dos Núcleos Integrados de Reabilitação do município em que ela mora.Entidades como a APAE, a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e a Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação também oferecem esse tipo de atendimento. Instituições privadas - a exemplo dos hospitais Albert Einstein, Sírio Libanês e Santa Joana, todos em São Paulo, e do Pequeno Príncipe, no Paraná - são outras que contam com ambulatórios especializados na estimulação dessas crianças. |
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Fonte: mdemulher.abril.com.br/saude/bebe
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